Apesar do título do livro soar piegas, daqueles livros de auto ajuda clichê, Em busca de sentido é uma grande obra! Escrito pelo psquiatra Viktor Frankl, o livro relata a vida nos campos de concentração. O que é inovador? O relato é feito pelo ponto de vista de um psiquiatra – o próprio Frankl!

Prisioneiro durante três anos em campos de concentração, Frankl presenciou o horror de ver um ser humano reduzido a quase não ser, a ter sua vida roubada, não ter nenhum controle sobre sua condição. Apesar disso, o psiquiatra percebeu que aqueles cujas vidas fora do campo de concentração tinham sentido – seja ele um amor, filhos para criar, ou uma carreira promissora – conseguiam lidar melhor com a situação e tinham mais chances de sobrevivência. Os que sucumbiam aos horrores da sua situação imediata – a fome, a humilhação e o cansaço extremo – adoeciam e faleciam mais facilmente. Frankl então percebeu o seguinte:
“ Tudo na vida pode ser tirado de você, exceto uma coisa: a liberdade de escolher como você vai responder à situação. Isso é o que vai determinar a qualidade da vida que você vive. ”
Ao final da guerra, Viktor foi liberado do campo de concentração, estava finalmente em liberdade! Acontece que, com o terror nazista, o psiquiatra perdeu seus pais, seus irmãos e sua esposa – que estava grávida e morreu de inanição, tendo como família apenas uma irmã, também sobrevivente. Em uma situação extrema como essa, onde Frankl encontraria sentido para seguir sua própria vida?!

Foi então que ele desenvolveu o conceito de Logoterapia – a terapia que busca o sentido da vida – de cada vida, individualmente. Qual o sentido da SUA vida? Não existe fórmula pronta, não existe resposta padrão, cada indivíduo tem seus propósitos de vida, seus motivos para continuar vivendo apesar das adversidades. Aqueles que têm uma resposta particular para essa pergunta costumam ser mais felizes e encaram os desafios com maior facilidade – até os mais difíceis, como uma doença grave ou a perda de um ente querido. O sofrimento faz parte da vida, e sobreviver é encontrar significado na dor. Se há, de algum modo, um propósito na vida, deve haver também um significado na dor e na morte.
Quis indicar esse livro aqui no blog por três motivos.
Primeiro, porque a biografia de Viktor Frankl, por si só, já valeria a leitura! A capacidade dele de enxergar através da desgraça, e de relatar a vida em um campo de concentração sem cair nos clichês sobre o assunto é fantástica.
Segundo, porque vocês já sabem que eu acredito que todo mundo deveria fazer terapia, de qualquer espécie! E, o tipo de terapia que for, certamente tem fundamentos na logoterapia – na busca do sentido – afinal, a terapia nos ajuda a entender e aceitar situações difíceis, a nós mesmos e aos outros.
O terceiro motivo é exatamente a frase de Frankl que citei acima, e que vou repetir aqui:
“Tudo na vida pode ser tirado de você, exceto uma coisa: a liberdade de escolher como você vai responder à situação. Isso é o que vai determinar a qualidade da vida que você vive. ”
Câncer não é escolha. Bom humor é. Soa familiar?!

Li esse livro depois de ter feito o tratamento a primeira vez, mas antes de ser diagnosticada com a recidiva. Mesmo não estando mais em tratamento, lembro que achei muitos pontos comuns entre estar em um campo de concentração e receber um diagnóstico de câncer: não sabemos ao certo porquê isso está acontecendo conosco, temos um inimigo “invisível” (os mandantes nazistas e as células tumorais) com o qual não conseguimos tentar dialogar nem negociar paz, sentimos um total descontrole sobre as nossas próprias vidas, e muitas vezes nos questionamos se não era mais fácil ter morrido. Ao mesmo tempo, assim como os prisioneiros que tinham motivos para querer viver, quem tem amor à vida consegue permanecer feliz mesmo com o pior diagnóstico de câncer – e mantem algum controle sobre a situação.
Bem vou parar por aqui meus argumentos para fazer vocês lerem esse livro! Com um copo de cerveja na mão, eu poderia ficar umas três horas filosofando sobre o assunto! Em busca de sentido de Viktor Frankl, procurem por esse livro!
OBS: Em alguns momentos, o livro (e a internet) falam que Frankl era psiquiatra, e em outros, que era psicólogo. Não cheguei a uma conclusão, então peço desculpas aos entendidos do assunto se falei besteira!
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Livro muito bom Flavinha, baita dica. Beijos